Martinica cantarolava uma canção antiga, sobre o amor,
enquanto caminhávamos do estacionamento em direção ao prédio
da minha escola. Eu reconheci a música, pois se tratava de uma
banda de rock que meu avô gostava, quando ainda jovem.

— Gosta de rock, Martinica?

— Dessa música, sim. A letra faz muito sentido. É preciso
amar o próximo, independentemente de como ele reage, o que,
muitas vezes, é bem aquém de nossas expectativas, seja de
maneira positiva ou negativa. E, como se não houvesse o amanhã,
pois o nosso presente é fator determinante para nossa jornada.

Olhe o passado para entender o seu presente e, assim, projetar a
direção que deve seguir ao futuro.

— Essa é boa, Martinica. Agora você está se tornando um
filósofo de frases impactantes?

— Ariel, estamos, como já te disse antes, em eterna
transformação. O que para nós, ontem, era valor, hoje, pode não
fazer o menor sentido. É essa mudança, na maneira de pensar, que
nos faz caminhar em direção a Deus. Uns, rapidamente, outros,
nem tanto, mas todos no seu próprio tempo. Amar é um verbo
completo. Arriscaria dizer que esse verbo é o coletivo de todos os
outros.

— Mas, Martinica, como posso amar o próximo, se ele me
irrita?

— Ha ha hahaha! Tem tempo para ouvir antes de entrar
em sala de aula?

(trecho do 4° episódio da série)